quinta-feira, abril 27, 2006

Garrafinhas...

Irritam-me as pessoas que andam com garrafas de água. Pequenas, médias, grandes. Todas me irritam. Mas irritam-me especialmente as pequenas, já que estas duram menos tempo e aquecem mais depressa, além de não conterem praticamente água nenhuma. Já viram aquelas garrafinhas de 25cl? Mas aquilo é alguma coisa que se apresente a alguém? Aquilo é como ir jantar e darem-nos 1/4 de um bife. É ridículo e ainda nos aumenta mais a sede por ser tão pouca. As grandes já não me irritam tanto porque dão para mais tempo...

Mas o pior mesmo são aquelas pessoas que andam com as garrafas pequeninas e as bebem aos golinhos. Bebem aos golinhos porque aquilo também não dá para mais, mas o pior mesmo é quando a garrafa já só tem um bocadinho de água... Aí sim! Aí todos os meus neurónios estão no auge da irritabilidade ao me ser apresentada tal jarvardice. E sim, é uma javardice porque depois de tantos golinhos aquela água já tem mais saliva que água propriamente dita. E como se isso não bastasse ainda fica cheia daquelas bolhinhas que a saliva costuma fazer. Saliva ou cuspe, como lhe queiram chamar.

Agora imaginem tudo junto: uma garrafinha pequena com água já quente de andar de mão em mão e passear ao Sol por todo o lado, cuja concentração de cuspe deve ser de aproximadamente 0,5 l/l e que ainda por cima é guardada religiosamente, muitas vezes na mala ou na mochila, como se fosse o cálice da vida.

Francamente! Deixem-se dessas parvoíces nojentas. Nem sei como é que a Paulo Bobone não fala disto nos seus livros. Eu nunca os li, mas não deve falar...

Por isso façam como as outras pessoas e quando comprarem uma garrafa de água, bebam-na toda e matem logo a sede de uma vez. Não a andem a matar devagarinho. Matar as coisas devagarinho não tem piada e é desumano. Quando é para matar, matem logo sem remorsos! Não façam a sede sofrer dessa maneira, nem mesmo ela merece isso... E muito menos mereço eu o facto de ter de presenciar esses episódios de garrafinhas quentes de semicuspe/semiágua no seu interior.

Por favor poupem-me.

Pantomineiro e Pantominices...

Pantomineiro foi a alcunha que o meu avô Domingos gentilmente, e digo isto com sinceridade, me deu. Para quem não sabe um pantomineiro é, segundo o dicionário, aquele que representa pantomina, isto é, aquele que engana ou intruja...

Nunca fui uma criança mentirosa, que gostasse de enganar o próximo ou que agisse com maldade, mas acho que aquele adjectivo me assentava especialmente bem... Primeiro é uma palavra engraçada e que soa bem, pelo menos a mim soa. Segundo, a maneira como o meu avó me chamava "pantomineiro" é tipica faz-me recordar aquela traquinice que nós temos quando somos putos. Relembra-me aquele agir inconsequente e depreocupado que costumava ter. Além disso, esta palavra condiz muito bem com aquela gargalhada fácil, livre, desprendida de qualquer interesse, verdadeira, pura e ingénua que todos os meninos e meninas devem ter tido, pelo menos em algum período da sua vida. Gostava de nunca perder a minha. Tento sempre conservá-la o mais possível....

Ainda assim espero que a pantominice e a alegria de viver me acompanhem sempre, assim como a gragalhada fácil que acabo de descrever. Para mim a pantominice não é nada de mau, é até muito boa! Faz-me recordar outros tempos e outros desejos e acima de tudo faz-me pensar no meu avô... Só por isso já vale a pena...

Viva o meu avô Domingos e viva a pantominice.